sábado, 10 de dezembro de 2016

poema invertido

é diante do espelho
que te sei
ante o teu oposto

ante o avesso
de tudo o que fui
o que supus ser

é que a vida
a mentida, a ferida, a consentida
vida (como já fora alertado)
deu de ir me estragando
deu de ir me matando
até que não sobrou muito de mim
senão eu mesmo coisa solta no mundo
(objeto
matéria que dói
porção de muco que vaza
naco de vida amalgamada no universo de outras vidas desentranhadas de afetos e ressentimentos)

mas
diante do espelho
a vida é um pressentimento
um não saber de si
um porvir fora de mim e do que eu possa manejar

ante o espelho
o mundo é uma desrazão
é um devaneio
de poemas músicas canções
um saber o mundo apesar dele
(dor opressão e fome)
um não sei o quê

e a despeito dele
do cansado e combalido mundo
encontro uma razão
em ver sentido no belo

(sou assassinado ao contrário)

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