quarta-feira, 14 de novembro de 2012

poema no. 320 ou ausente

não farei o poema de minha tristeza
minha tristeza não cabe no poema

tampouco farei o poema
onírico
de ventos que uivam
de folhas cortantes de cana verde
de cabras imaculadas

meu poema não é de sonhos nem de dor

não farei o poema de meu imenso amor
sobre o meu amor intenso e imenso
não porque ele não caiba no poema (e não cabe)
mas porque ele já não cabe em mim

meu poema será sobre nada
sobre o vazio
sobre a ausência
que se encerra
em mim

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