quinta-feira, 23 de agosto de 2012

poema no. 298

parece que
nada funciona

há algo que sabemos
não funciona

não funciona a vida
como queríamos
como queremos
como prevíamos

há mais dor e fome do que pensávamos
(mais frio)
mais opressão sobre a nossa classe
mais dificuldade em nos organizar
mais certeza de que

não funciona a vida

nem a nossa
nem a minha
nem a minha e sua

as dores pequeno burguesas
ainda nos ferem
em algum lugar
algum recôndito

talvez funcione a vida
(a minha e sua
não a nossa)
nós e nosso modo de ser pequeno burguês em libertação é que ainda não funcionamos

em breve
há de ser feito um reparo

e a vida seguirá
funcionando
ou
não

desfuncionando

ou antes
a destruiremos
(a minha e sua
a nossa
não a minha
e a sua)
e faremos algo de bom

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