sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Fotografia Digital

Fotografia (ponto)
   Parece bobo esboçar sobre fotografia digital como um avanço tecnológico num momento em que meus colegas de universidade nunca viram um filme fotográfico. Contudo, a discussão sobre a fotografia digital se dá menos pela tecnologia em si e mais no comportamento do fotógrafo artista.
   Não me aterei à discussão que teve início no século XIX e dura até hoje - fotografia é arte? Mas por quais processos se chega à arte. Neste momento, há milhões de pessoas fotografando de seus celulares, câmeras amadoras e editando suas fotografias com o Photoshop, Light Room, Gimb e outros. Com mais ou menos talento, intuição, perícia, instrução, essas milhoes de pessoas registram não só o seu dia-a-dia, como o mundo à sua volta. A sociedade nunca foi tão registrada fotograficamente.
   Em cerca de 200 anos, a fotografia evolui do Daguerriótipo para a Canon EOS-1Ds Mark-III. Passando pela Nikon FM2 e pela Apple IPhone. A questão, então, atinge todas as etapas da fotografia. A capatção da imagem, hoje, possui todo o tipo de recursos que auxiliam uma possível lente pouco luminosa, que substitui um filtro, que reproduz o ISO. Na ampliação (quando acontece, o que é cada vez mais raro), dispensasse a sala escura e impressoras de alta definição fazem o trabalho. E quais as consequências disso para a fotografia de arte?
   Antes de responder a pergunta, reitero que digo de arte em contraposição à fotografia social e jornalística. Nesses casos, é inegável que a fotografia digital não fez senão colaborar imensuravelmente. O repórter fotográfico precisa de agilidade no registro e o fotógrafo social, além da possibilidade de fotografar ilimitadamente, tem a possibilidade de realizar os efeitos mais variados para deleite dos noivos, aniversariante etc.
   Contudo, a ideia de que a arte evolui com a tecnologia é equivocada. O surgimento de um novo processo tecnológico não substitui outro antigo, na arte. Assim, a guitarra elétrica não substituiu a guitarra acústica (ou violão), mas ambos passaram a conviver. Da mesma forma, a pintura não foi substituída pela gravura, e esta não o foi pela fotografia.
   Assim, a resposta para a pergunta acima é: nenhuma. Para a fotografia em si, nenhuma. Ocorre que a partir de seu advento, a fotografia digital passa a ser responsável por um sem número de imagens até competentes mas que estão longe de ser arte. E essas imagens passam a circular com imensa velocidade na Internet e passam a fazer parte do imaginário. Isso não é arte, como uma canção de Kelly Key não o é. Não está destituído de valor cultural, mas no que toca à arte (passando por toda a discussão feita por autores como Deleuze, Gullar, Nietzsche), sim.
   A fotografia artística segue seu rumo. Alguns fotógrafos seguem fazendo fotografia no quarto escuro, outros seguem fazendo fotografia como em 1890, e outro com câmeras digitais. A qualidade da arte não está no instrumento, mas no artista.
Jeff Wall
Annelies Strba

Kenji Ota

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