segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Mostra exibe cinema radicalizado dos anos 80

Nausicaä do Vale dos Ventos
   O Centro Cultural São Paulo (CCSP) promove a partir de amanhã até o dia 16/03 a mostra "Radical 80".

   A mostra trará filmes que fugiram da fórmula do cinema clássico, que na década de 80 se firmava com George Lucas, Steven Spielberg e Martin Scorsese, seja na estética, seja nos argumentos, seja nos temas.
   E o mais bacana, com o preço do ingresso que você economizará não indo ver "Bruna Surfistinha (veja aqui o porquê), você verá toda a mostra, pois cada ingresso custa apenas R$ 1,00.
    Pequena seleção deste esboçador:  
  • Sexo, mentiras e videotape, de Steven Soderbergh
  • O homem que virou suco, de João Batista de Andrade
  • Cão Branco, de Samuel Fuller
  • Nausicaä do Vale dos Ventos, de Hayao Miyazaki (veja mais sobre Hayao aqui)
  • Mala noche, de Gus van Sant
   Para saber mais, clique aqui e consulte o site do CCSP

500 mil pessoas assistem a "Bruna Surfistinha"

Eu não fui.
   Em seu fim de semana de estreia, o filme "Bruna Surfistinha" (veja aqui porque este esboçador não foi assistir) atingiu meio milhão de espectadores. Provavelmente fará uma bilheteria de cerca de R$ 4 milhões, mesmo valor do orçamento do filme (todo feito a partir de incentivos fiscais - dinheiro público).
   Assim, em breve o filme será pago (pois deste valor, parte fica para o exibidor) e dará um bom lucro.
   Das duas, uma: ou este blog tem uma audiência ínfima, ou este esboçador não é nem um pouco persuasivo.

Dilma Rousseff prepara omelete de queijo (!)

É mole (o fato, não a gema)?
   Sim. Você leu corretamente.

   A manchete acima, além de nos informar que nossa presidente (ou presidenta, para agrada-la com seu factoide de meia pataca) não morrerá de fome se ficar perdida na mata com dois ovos e um pedaço de queijo minas, mostra a que absurdo chegou este país.
   Em meio a um corte enorme no orçamento em que o Ministério da Cultura, que não não começou o ano bem (veja aqui), será um dos mais afetados, proporcionalmente, que diabos a chefe do Poder Executivo faz no programa de pessoas que até outro dia queriam a cabeça do chefe dela (lembram do Movimento Cansei?)?
   Ora, lambendo as nádegas da mídia conservadora. Afinal, quem vive sem ela (a mídia, não a Dilma)?
   Se você quiser ver as matérias sobre Dilma na Ana Maria e na Hebe, clique respectivamente aqui e aqui.

poema no. 137 ou putaria

este poema não contém putaria
(sinto muito)

por vezes
eu mesmo
apenas quero pênis e vaginas enfurecidos

bocas e ânus também

mas agora
estou tão triste
que qualquer vestígio de esmegma faria-me chorar

domingo, 27 de fevereiro de 2011

poema no. 136

a arte
é tão pequena
pode tão pouco
(dizem até que ela não existe
ou deixará de existir em breve)

mas faz tanta falta
ser tão pouco
e ver olhos
poucos e
úmidos

poema no. 135

a revolução não acontecerá
por mãos revolucionárias

(nós queremos a revolução)

fará a revolução
quem quiser pão

Hermeto Pascoal

   Hermeto Pascoal é um gênio.

   Não há o que falar sobre Hermeto que alguém já não tenha dito. Por isso, reitero, Hermeto é um gênio.
   Sua música é um convite ao raciocínio físico. Come ela você dança e pensa. A próxima nota sempre é uma supresa, e isso faz da dança (que acontecerá em sua presença) igualmente surpreendente.
   Em 1999 lançou O Calendário do Som. Nele se encontram partituras escritas diariamente entre 23 de junho de 1996 e 22 de junho de 1997. Este trabalho inspirou o projeto "Um poema por dia" deste blog (veja aqui).
   Não há dois pra lá dois pra cá com a música de Hermeto. Tudo é novo, tudo é lindo. A despretensão nele o faz tão grande.
   Hermeto é lindo.

   Abaixo, improvisação no Festival de Montreux em 1979.

   Veja mais em http://www.hermetopascoal.com.br/.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

poema no. 134

o nu descendo uma escada
não é senão um quadro
(cubista
talvez futurista)

há quem procure no nu
pornografia

há quem procure o nu
e não o encontre

há quem procure pornografia
e encontre o nu descendo uma escada

(um quadro cubista
há quem diga
futurista)

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

poema no. 132 ou poema de amizade

De repente do riso fez-se o pranto
silencioso e branco como a bruma
(Vinícius de Moraes)

eis que você está longe

não como quem esteja obrigado
longe como quem não queira estar perto
longe como queira-se distante
longe como quem não volte

longe só

Anna Tréa - Cantante

   Anna Tréa (veja aqui), é uma pessoa doce e uma cantora ácida.

   Compositora, multiinstrumentista, cantora, arranjadora, atriz e produtora, Anna é uma contralto agradabilíssima,mas que não se rende à facilidade aveludada.
   Inicou sua vida musical aos nove anos de idade. Passou (e foi ficando) pelo violão, percussão e no decorrer dos anos, quase que por conta própria, foi aprendendo a tocar todos os intrumentos a que tinha acesso e aos quinze anos começou a gravar canções com todos os intrumentos que tinha. O equipamento de gravação - um rádio com dois cabeçotes de fita K7. Deste artifício surgiram suas primeiros produções cheias de detalhes, abertura de vozes, frases de guitarra e até beat box.
   Com dezesseis anos ingressou na Fundação das Artes de São Caetano do Sul para cursar teatro. Ao ver os alunos do curso de música transitando pela escola e fazendo música nos corredores, percebeu que era isso o que mais queria. Integrou o Grupo Cênico Vocal Gargarejo e continuou na Fundação das Artes, mas agora na área de música.
   Em 2007, lançou o EP (uma espécie de mini álbum) “Carnaval Particular” e se apresentou em diversas casas de São Paulo.
   A partir deste trabalho foi convidada a participar como side man (musicista contratada) de outros compositores, fez trilhas para filmes e peças teatrais e arranjos para outros artistas.  Em 2010 foi a melhor intérprete do Festival de Sorocaba.
   Hoje, Anna Tréa se dedica às aulas no Clam (escola de música do Zimbo Trio), oferece aulas particulares e se prepara para lançar seu segundo EP tendo como parceiros David Esteves (baixo) e Kabé Pinheiro (percussão e bateria).
   Abaixo, a agenda e um pouco da voz muita de Anna Tréa no Festival de Sorocaba.

Agenda de março
5 e 6 – Carnaval de Ilha Bela – Bar Ventania
12 e 13 – Evento Fechado – São José dos Campos
20 – Evento Beneficiente – Saúde
26 – Bar O FIM DO MUNDO – Santana

Bruna Surfistinha [Atualizado]

Não é um filme comercialesco. 
   Estreia essa semana o filme baseado no livro O Doce Veneno do Escorpião, de Raquel Pacheco, ou Bruna Surfistinha. Seguramente este esboçador não o irá assistir.

   Por muito motivos. 
   "O Doce Veneno do Escorpião" não é digno de nota (a não ser por seu marketing), porque "Bruna Surfistinha" seria? Além disso, a atriz principal é Débora Secco. Isso não deveria me influenciar, mas convenhamos que uma pessoa que entra na casa do Big Brother com brilho nos olhos, feito criança em loja de brinquedos, perde a credibilidade.
   Raquel não fez nada, nos últimos tempos, além de suprir as curiosidades dos mais pudicos. As orações dos moralista foram atendidas: uma EX-prostituta, com o mínimo de desenvoltura verbal, que escreve um livro em edição charmosa. Pronto, agora todas as dúvidas sobre o mundo da prostituição podem ser sanadas sem constrangimento. Entrevistas mil, todas elas falando sobre tamanhos de pênis, camisinhas, sobre a beleza dos clientes e todas em tom jocoso. Em nenhuma a literatura foi questionada. Nunca a escritora Raquel esteve presente, apenas Bruna Surfistinha.
   E embora o diretor do filme, o estreante em longas Marcus Baldini, diga que "não é um filme de sacanagem, pornográfico, erótico. Tem uma história", o público não esperará nada de diferente do que viu até hoje, em se tratando de Bruna Surfistinha: uma garota instruída falando de sacanagem.


   [ATUALIZAÇÃO]


   Laerte Asnis, que não joga futebol, lembrou bem, e contribui (abaixo) com a informação de que Dentinho, o atacante do Corinthians, faz uma participação no filme. E me vêm com estória de que o importante é o drama?
   Marcus Baldini, que é diretor de filmes publicitários, deve se honesto e dizer que seu filme, assim como o livro em que se baseia, é uma peça publicitária em si, e nada mais.

Tom Zé na Caros Amigos

   Tom Zé, o ser de outros tempos, do passado (da idade média) e do futuro (da música que virá a ser), de quem este blog bebeu aqui e ali (veja aqui, aqui e aqui) foi entrevistado pela Caros Amigos.

   Este esboçador não se sente competente para resumi-la ou mesmo apresenta-la em tópicos. Portanto, aqui segue o link que não se deve deixar de clicar:

   Entrevista de Tom Zé na Caros Amigos. 

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

poema no. 131

ser um ser
qualquer

apenas existir
não basta
é preciso que se seja
o maior
quando não mais

(e como sê-lo
sem o selo
do Pão de Acúcar)

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

poema no. 131

se tudo der certo
acho que vou pra
casa

descansar

mas se tudo ficar
assim

fico e sigo destruindo
isso que um ou outro
chama de lar

Globo Filmes ou A Indústria Cultural não é Arte

Esse Adorno, hein? Quero ver a Globo boicotar ele!
   A frase acima não é deste esboçador (ou é? Veja aqui.). Em muitos esboços deste blog, a cultura de massa, a indústria cultural e seus desdobramentos foram citados e/ou dissecados.
   Pois, eis que me deparo com o artigo do Prof. Dr. Rafael Cordeiro Silva, da Universidade Federal de Uberlândia, na Revista Cult (veja aqui). Isso me leva a mais um esboço sobre o tema. O artigo citado trata do livro dos filósofos alemães Theodor Adorno e Max Horkheimer - A Dialética do Esclarecimento -, e Cordeiro Silva se atém às questões da indústria cultural. Quais sejam (transcritas literalmente):
  • Indústria cultural não é arte;
  • A indústria cultural é mais afeita ao gosto mediano das massas, que constituem o tipo social predominante no capitalismo avançado;
  • Ela está referida principalmente aos meios técnicos de produção e difusão de cultura padronizada;
  • Seu poder reside em reforçar as relações de poder estabelecidas;
  • Nenhum esforço intelectual é exigido do ouvinte ou telespectador;
  • A indústria cultural é o engodo das massas.
    Partindo daí, e de outros esboços já publicados neste blog, finalmente chegamos na Globo Filmes.
    A retomada (período em que o cinema nacional volta a produzir, após o fim da Embrafilmes e do advento das leis de incentivo fiscal) é responsável por alguns bons momentos do cinema. Central do Brasil e seus dois prêmios em Berlim é um deles. Nina, Madame Satã, O Invasor, Bicho de Sete Cabeças são tantos outros. Mas, de modo geral, o senso comum só consegue se lembrar do cinema após a Globo Filmes. Assim, a retomada para o grande público ressurge em 1998.
    Nos cinco primeiros anos de sua existência, a Globo Filmes produziu 11 filmes. Apenas dois dignos de nota: Cidade de Deus e O Auto da Compadecida. Os demais são:
  • Simão, o fantasma trapalhão
  • Zoando na TV
  • Orfeu
  • O Trapalhão e a Luz Azul
  • Bossa Nova
  • A Partilha
  • Caramuru, a Invenção do Brasil
  • Xuxa e os Duendes
  • Xuxa e os Duende 2 - No caminho das fadas
    Todos estes filmes receberam incentivo fiscal. Todos estes filmes (alguns deles, claramente desserviços à cultura nacional) foram pagos com dinheiro público (dinheiro que seria arrecadado em impostos e deixou de ser). Todos eles deram lucro à Globo Filmes.
    Claro que há muitos bons filmes no catálogo da produtora. O Homem que Copiava, Casa de Areia, Vinícius, O ano em que meus pais sairam de férias, entre outros.
    Mas o fato é que, de modo geral, a produção da Globo Filmes, única que realmente vende ingresso neste país, segue à risca a descrição feita por Adorno e Horkheimer da Indústria Cultural. Vejamos.

        A indústria cultural é mais afeita ao gosto mediano das massas

    Xuxa e os Duendes, Xuxa e os Duendes 2, Zoando na TV, O Trapalhão e a Luz Azul. Próxima.

        Ela está referida principalmente aos meios técnicos de produção

    Esta questão, dos meios técnicos de produção, foi levanta neste blog há pouco tempo (veja aqui). A questão da técnica não é sua utilização ou não. Mas apoiar-se unicamente nela, como meio de impressionar o espectador. Como em Nosso Lar e Olga.

         Reforçar as relações de poder estabelecidas

    Usarei aqui dois exemplos. Dois filmes. Tempos de Paz e O Bem Amado. Num, um inquisidor disposto a deportar um judeu em plena segunda guerra é sensibilizado e o filme termina com um monólogo do interrogado sob as lágrimas do torturador.

    Noutro, o líder da oposição de Sucupira, dono de um jornal de esquerda, acaba se tornando o mesmo que seu adversário da situação - um demagogo.
   Em ambos, o que se procura, é o assentamento das massas. Deixa-las resignadas, esperando as lágrimas dos torturadores e sem contar com ninguém, pois todos são corruptíveis.

       Nenhum esforço intelectual é exigido do ouvinte ou telespectador;

   Xuxa e os Duendes, Xuxa e os Duendes 2, Zoando na TV, O Trapalhão e a Luz Azul. Próxima.

       A indústria cultural é o engodo das massas

    Neste caso, a coisa vai um pouco mais além. Citarei um filme: Olga. Rebuscamento técnico, interpretações competentes e um tema político (um tema importante). Você assiste e se sente parte de algo grande. E melhor! Nada daquelas chatices que passam na TV Cultura (filme iraniano o cacete!). Então surgem as matérias no Jornal Nacional: x toneladas de polipropilenos para fazer neve, não sei quantos metro de arame para fazer as cercas dos Campos de Concentração. (E tudo parecendo muito importante). E no Fantástico, uma matéria sobre os verdadeiros Olga e Prestes, e sua linda estória de amor.
   Então você realmente está convencido que aquilo tudo te faz ser alguém maior. Você, agora, entende melhor toda aquela coisa complicada que não entendia lendo os livros. Pois então encontramos o engodo.
   Tudo isso é perfumaria. Tudo isso é rebaixamento intelectual. Pano de fundo para uma estória melosa de novela. Nada que Manoel Carlos não faria. E você, que viu a revolucionária Olga se estrepando, sente-se reconfortado por viver num país livre onde tudo isso possa ser contado abertamente.

      A Indústria cultural não é arte

   Xuxa e os Duendes, Xuxa e os Duendes 2, Zoando na TV, O Trapalhão e a Luz Azul.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

poema no. 130 ou poema cubano

o brasil não é um país
livre

a despeito de todo o sentimento global

o brasil não é
um país livre

não é dado aos brasileiros o direito
de não terem
tudo

não ter tudo
não é um direito
do cidadão brasileiro

é preciso que se tenha tudo
ou pelo menos mais
que outro cidadão brasileiro

e temos de gostar de futebol e de cerveja e de mulher e de iPhones e de videogames e de dinheiro e de carros e de tevê via satélite e de andar nus
(às mulheres também e vedado o direito de não serem senão orifício)

e precisamos avisar ao governo que não queremos votar porque preferimos ir à praia
e precisamos avisar ao governo que não queremos servir ao exército
e precisamos avisar ao governo que vendemos o carro e a casa

para se ter o direito de integrar a sociedade
também é prudente que se pague por escola medicina segurança transporte individual e comida de marca
(embora comida sem marca seja mais saudável)

livre
um país não
é o brasil

Filme de Asghar Farhadi vence Berlinale

Nem só de Tropa de Elite vive o Festival de Berlim.
   O filme "Nader e Simin: Uma Separação" levou o Urso de Ouro no Festival de Berlim deste ano, além de ganhar os Ursos de Prata de melhor ator e atriz.

   A fita conta a estória de um casal que se separa,servindo de pano de fundo para tratar de questões sociais do Irã, como  a divisão de classes e o conservadorismo religioso.
   O Urso de Prata de segundo melhor filme foi "O Cavalo de Turin", do diretor húngaro Bela Tarr e o troféu de melhor diretor, por "Sleeping Sickness", ficou com Ulrich Koehler. 

Infelizmente este esboçador não encontrou o trailer do filme. Caso alguém o encontre, sua contribuição será bem-vinda.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

poema no. 129

jards
macalé
não é

cantor
poeta
ou com
           positor é

     com
           posição

Roberto Carlos custa R$ 6,4 milhões aos cofres públicos

Roberto Carlos, mostrando que o cachê está lá em cima, ó!
   Mas veja que beleza! A prefeitura do Rio de Janeiro pagou essa exorbitância pelo show de Roberto Carlos no fim de ano. Algumas questões tem de ser levantadas. 

   Em primeiro lugar, por deus!, Roberto Carlos não valeu tudo isso! Pra se ter uma ideia, Paul McCartney cobrou R$ 30 milhões por 3 shows no Brasil - o que também é demais. Agora, o cachê de Roberto Carlos, que está sempre fazendo shows aqui e ali custa somente um pouco menos que o de Paul McCartney? Um ex-Beatle que faz shows no Brasil de vez em nunca?
   Em segundo lugar, veja que ironia, a Rede Globo transmitiu o show como sendo o especial de fim de ano do artista. Acontece que Roberto Carlos tem contrato com a Globo que prevê a exibição de um show por ano. Ora, porque diabos a Prefeitura do Rio de Janeiro teve de pagar o cachê por um show que estava previsto em contrato com a emissora? Detalhe: a emissora não desembolsou nenhum centavo. Mas faturou R$ 4,8 milhões com a venda de 4 cotas de patrocínio. A prefeitura não conseguiu patrocinadores para o evento.
   Além do mais, se a prefeitura pagou o cachê, ainda que o cantor tenha contrato com a Globo, o correto seria que houvesse uma concorrência para a exibição do evento. Contudo, a Rede Globo exibiu e faturou uma bela quantia às custas de um evento pago com dinheiro público.
   Mas que beleza, hein?

   Agradecimentos a Laerte Asnis (veja aqui), que sugeriu a matéria. 

É este o Ministério da Cultura que queremos?

O que mais é amarelo, além das flores, nessa imagem?
   Há muito tempo atrás, este esboçador prometeu não mais falar de política neste espaço. Contudo, há momentos em que política e cultura se misturam (da pior maneira possível).

   E não estou falando de poema com cunho político. Estou falando de política de bastidores, de interesses, de cargos.
   Ana de Hollanda, cantora, irmã de Chico Buarque (que esteve em ato Pró Dilma pouco antes do segundo turno das eleições presidenciais do ano passado), foi empossada ministra da cultura desbancando cerca de 20 outros nomes cotados para a pasta.
   Os seus antecessores, Gilberto Gil e Juca Ferreira, eram considerados a "ala progessista" do governo Lula (um governo que de progressista teve muito, mas muito, pouco). Ana, ao contrário, começa seu trabalho dando claros sinais de conservadorismo e de retrocesso em pontos importantes.
    Logo de cara, a ministra deu a declaração de que a Reforma da Lei de direitos Autorais “foi discutida com a sociedade, mas não se chegou a consensos. Precisa ser novamente colocada em discussão”. Ora, entre seminários e congressos realizados ampla participação de representantes de setores da sociedade, foram seis anos de discussão.
    Logo após, Ana de Hollanda solta a maior de todas, dizendo que o Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad) não precisa de supervisão estatal. O Ecad é o (único) responsável pela arrecadação e da distribuição dos direitos autorais no Brasil. Embora seja uma instituição privada, foi criado por lei federal (é mole?). Para muitos (para este esboçador, inclusive), nada que não seja sua extinção é aceitável. Para outros, mais reformistas, o mínimo que pode acontecer é que o Estado passe a supervisioná-lo. Ana de Hollanda acha que não. Pensa que o mercado é capaz de se virar. E dizem que Dilma é comunista.
   Por fim, do site do MinC foi retidarada a menção ao Creative Commonbs e passou a adotar a frase: “O conteúdo deste site, produzido pelo Ministério da Cultura, pode ser reproduzido, desde que citada a fonte”. Sabe que direito isso dá a você? Nenhum. Na prática, se eu republicar qualquer texto do site do MinC aqui no esboço de blog, estarei sujeito à pena prevista em lei, pois republicação não é o mesmo que reprodução.
   Longe de pensar em defender as políticas adotadas por Lula. A simples ideia de "reforma" já não me agrada. Mas, é de doer pensar que saímos de algo que já não era ideal para um passo atrás. No mínimo, antes tínhamos uma discussão de direitos autorais que era pautada pela questão do acesso, não do autor.
   Vale lembrar que este esboçador é um autor. 

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

poema no. 128

a analgesia
pode tirar minha dor
(e agora a sinto em todos os âmbitos)

mas na minha ânsia
não há antiemético
que dê jeito

nada dará

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

poema no. 126 ou Eleições para o D.A.U.

há saída

tardiamente descubro o motivo da náusea paterna

descobrir que todo esse tempo foi de farsa
descobrir que o movimento não é senão uma poça
descobrir que há tanta demagogia
                 que neste momento alguém sorri um sorriso maquiavélico

num movimento
em que os fins justificam os meios
em que os fins não se justificam

alguém há de ter o cargo
alguém há de reivindicar a liderança da revolução
(pois ningém mais o poderia
pois ninguém mais representa
a classe trabalhadora)

e há de sorrir um sorriso
de retrato oficial

poema no. 125

em vias de
acontecer

saltam
do peito
os olhos

e tudo o que até hoje foi
(e que na verdade
já não é)
pode não estar mais
nem na memória
no imaginário

tampouco
no anedotário

domingo, 13 de fevereiro de 2011

poema no. 123

ipods chineses
feitos por gente pobre
para gente pobre

enfim
a democracia

"Um poema por dia" atinge um terço de suas publicações

poemas são a minha pena
   O projeto "um poema por dia" atingiu hoje a marca de um terço dos poemas publicados.

   O objetivo do projeto é a publicação de um poema por dia durante um ano.
   A próxima marca importante será a de metade dos poemas publicados, quando for escrito o poema 183.
   Veja todos os poemas aqui.

poema no. 122

deus
         não
deu
céu
         aos
meus

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Arte e Consumo

A arte também é líquida
   Zygmunt Bauman é um sociólogo.

   Ele pensa que a vida moderna não é senão uma vida para o consumo. A modernidade, para ele, é líquida. Nada é capaz de se sustentar em nossa sociedade, as relações são efêmeras ao ponto de não serem. O tempo é pontilhado, não linear. Há pequenas porções de tempo que se sucedem uns aos outros e um não pode ter relação com o outro.
   Por isso, buscamos sempre algo novo que substitua o velho. E isso em tudo. Novos carros, novas tevês, novas músicas, novos amigos e amantes.
   A arte, nessa realidade está posta como tudo o mais. Como algo que pode ser comprado e descartado. Num tempo que é pontilhado, a arte de agora não pode mais servir para o próximo ponto. Há que se criar algo novo, para não se correr o risco de parecer ultrapassado. Assim, a arte passa a funcionar como produto, algo produzido sob os métodos da indústria, de acordo com a demanda atual (não há demanda duradoura, assim, num próximo momento, a demanda terá de ser analisada novamente e a produção revista).
   Nasce a indústria cultural. Um tipo de indústria nada particular. Bem geral. Que quer tudo o que todas querem: lucrar. E o lucro depende da venda em maior número possível. Isso só pode ocorrer se a sua indústria caminhar sempre no mesmo sentido da sociedade que comprará os seus produtos.
   A arte, assim, passa a não ter nenhum posicionamento crítico. É apenas um mantenedor do status quo. A arte passa a não funcionar mais como arte. Nasce a cultura de massa.

Lixo Extraordinário


Esqueça qualquer filme antes de ver este

   Este esboçador está arrebatado.

   Não me lembro de ter ficado tão feliz (na verdade a palavra é infeliz) por ver um filme, como fiquei ontem em ver Lixo Extraordinário. O filme de Lucy Walker, João Jardim e Karen Harley sobre o trabalho de Vik Muniz com catadores do Aterro Sanitário de Gramacho é de arrancar lágrimas dos olhos mas duros.
   Em pouco tempo de filme, não há mais Vik Muniz, não há mais o grande fotógrafo, há apenas as vidas tão distantes daquelas pessoas - Isis, Zumbi, Tião, Leide, Suelem - que nós, ricos, classe média alta, e qualquer classe acima da pobreza teimamos em fingir que não existem.
   Lixo Extraordinário já ganhou muitos prêmios como o Prêmio do Público de Melhor Documentário no Festival de Sundance - 2010, e Os prêmios do Público (na mostra Panorama) e da Anistia Internacional, no Fstival de Berlim - 2010. Agora está indicado ao Oscar de melhor documentário. Mas nada disso importa. Apenas importa que o filme é absolutamente lindo.
   Há muitos momentos muito comoventes em todo o filme e todos vão nos levando a apenas uma conclusão: não é possível que sejamos coniventes com isso. Não é possível que sejamos coniventes com essa sociedade que obriga pessoas a viverem no lixo. A despeito de sua resignação, a despeito de sua alegria desafiadora, não podemos manter o funcionamento de uma sociedade que fecha os olhos a isso - dez pessoas no cinema do bairro do Gonzaga (um bairro nobre) em Santos e centenas (milhares, milhões) em lixões, palafitas, favelas.
   Não podemos mais fingir que isso não é problema nosso.
   Abaixo, o trailer do filme.

poema no. 121

pobreza
que não acaba mais
       não acaba

                        mais

pobreza
pobreza

quando há gente que come lixo

veste lixo
vive o lixo
                                      e é feliz

pobreza
       não acaba mais

que
pobreza 
              acaba?

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Fotografia Digital

Fotografia (ponto)
   Parece bobo esboçar sobre fotografia digital como um avanço tecnológico num momento em que meus colegas de universidade nunca viram um filme fotográfico. Contudo, a discussão sobre a fotografia digital se dá menos pela tecnologia em si e mais no comportamento do fotógrafo artista.
   Não me aterei à discussão que teve início no século XIX e dura até hoje - fotografia é arte? Mas por quais processos se chega à arte. Neste momento, há milhões de pessoas fotografando de seus celulares, câmeras amadoras e editando suas fotografias com o Photoshop, Light Room, Gimb e outros. Com mais ou menos talento, intuição, perícia, instrução, essas milhoes de pessoas registram não só o seu dia-a-dia, como o mundo à sua volta. A sociedade nunca foi tão registrada fotograficamente.
   Em cerca de 200 anos, a fotografia evolui do Daguerriótipo para a Canon EOS-1Ds Mark-III. Passando pela Nikon FM2 e pela Apple IPhone. A questão, então, atinge todas as etapas da fotografia. A capatção da imagem, hoje, possui todo o tipo de recursos que auxiliam uma possível lente pouco luminosa, que substitui um filtro, que reproduz o ISO. Na ampliação (quando acontece, o que é cada vez mais raro), dispensasse a sala escura e impressoras de alta definição fazem o trabalho. E quais as consequências disso para a fotografia de arte?
   Antes de responder a pergunta, reitero que digo de arte em contraposição à fotografia social e jornalística. Nesses casos, é inegável que a fotografia digital não fez senão colaborar imensuravelmente. O repórter fotográfico precisa de agilidade no registro e o fotógrafo social, além da possibilidade de fotografar ilimitadamente, tem a possibilidade de realizar os efeitos mais variados para deleite dos noivos, aniversariante etc.
   Contudo, a ideia de que a arte evolui com a tecnologia é equivocada. O surgimento de um novo processo tecnológico não substitui outro antigo, na arte. Assim, a guitarra elétrica não substituiu a guitarra acústica (ou violão), mas ambos passaram a conviver. Da mesma forma, a pintura não foi substituída pela gravura, e esta não o foi pela fotografia.
   Assim, a resposta para a pergunta acima é: nenhuma. Para a fotografia em si, nenhuma. Ocorre que a partir de seu advento, a fotografia digital passa a ser responsável por um sem número de imagens até competentes mas que estão longe de ser arte. E essas imagens passam a circular com imensa velocidade na Internet e passam a fazer parte do imaginário. Isso não é arte, como uma canção de Kelly Key não o é. Não está destituído de valor cultural, mas no que toca à arte (passando por toda a discussão feita por autores como Deleuze, Gullar, Nietzsche), sim.
   A fotografia artística segue seu rumo. Alguns fotógrafos seguem fazendo fotografia no quarto escuro, outros seguem fazendo fotografia como em 1890, e outro com câmeras digitais. A qualidade da arte não está no instrumento, mas no artista.
Jeff Wall
Annelies Strba

Kenji Ota

Festival Internacional de Cinema de Berlim

Festival de Cinema
   O Festival Internacional de Cinema de Berlim é um Festival de Cinema. Isso basta.
   Não serei ingênuo o bastante para dizer que em Berlim- diferente de no Oscar, Globo de Ouro e congêneres - a indústria não apita. Mas há um outro contexto. Um Festival, embora premie, não é um prêmio. Há as sempre belas mostras paralelas. Há os prêmios do público. E filmes são exibidos. Mas vejam, só! Pessoas se prestando a assistir a filmes.
   Neste ano, a sequência do premiado Tropa de Elite será exibido na mostra Panorama. Na edição em que foi vencedora, a fita causou muita polêmica entre os participantes, imprensa (entre todos, na verdade). Acusada de fascista por alguns e de "muito importante" pelo presidente do júri, o diretor de cinema Constantin Costa-Gavras, o filme ganhou o Urso de Ouro sem unanimidade.
   O diretor Jafar Panahi, preso e proibido de fazer cinema por 10 anos no Irã, será homenageado. Seus filmes serão exibidos em mostras paralelas e um debate está previsto para o dia 17 de fevereiro reunindo cineastas e iranianos exilados sobre a censura aos diretores de cinema no Irã. O diretor do festival, Dieter Kosslick protesta contra essa prisão num comunicado que já foi publicado.
   Na mostra competitiva estão "O Cavalo de Turin", de Bela Tar; "O Prêmio" ,da cineasta Paula Markovitch; "Nader e Simin, uma Separação", de Asghar Farhadi; "Contos Noturnos", de Michel Ocelot; "Margin Call", de JC Chandor; "Come Rain Come Shine", de Lee Yoon; "Sleeping Sickness", dirigida por Ulrich Koehler; "Um Mundo Misterioso", de Rodrigo Moreno; "The Forgiveness of Blood", dirigido por Joshua Marston; "Sábado Inocente", de Alexander Mindadze; "Nosso Grande Desespero", de Seyfi Teoman; "Coriolanus", de Ralph Fiennes; "Odem", de Jonathan Sagall; "O Futuro", de Miranda July; "Se não Nós, Quem", de Andres Veiel e o "Yelling to the Sky", de Victoria Mahoney.

Primeira feira de arte virtual do mundo

Very important people view in private first
   Acontecerá entre os dias 22 e 30 deste mês a VIP Art Fair.

   A primeira feira de arte virtual do mundo se pretende democrática pois reúne galerias de todo o mundo - são 139 no total (veja a lista aqui) e, para a visita sem intenção de compra, o acesso é livre. Dentre as galerias brasileiras estão Fortes Vilaça, Nara Roesler e Luisa Strina.
   Porém, convenhamos que a palavra VIP não ajuda. Aqui ela não temo seu significado costumeiro, mas o de View in Private. Mesmo assim, até você saber disso já se foi pelos ares a ideia de democracia. 
   Além disso, caso você queira compra alguma obra, terá de pagar pelo ingresso: US$ 100,00 nos 2 primeiros dias e US$ 20,00 nos demais - aqui talvez a sigla VIP retome seu sentido original.
   Organizada por James Cohan e sua mulher Jane, o evento propõe negociação direta entre o comprador e o vendedor.
   Veja o site do evento aqui.

O Lobisomem e o Coronel

   Baseada na literatura de cordel, O Lobisomem e o Coronel retrata a estória que muitos ainda esperam que seja a história.
   A direção é de Elvis Kleber e Ítalo Cajueiro. O roteiro é de Ítalo Cajueiro. A produção e da Exemplus Tv.


quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

PESSOAL INTRANSFERÍVEL

Adeusão
Falarei pouco. Só direi que o poema abaixo é de Torquato Neto. E que adiante, há Jards Macalé e Paulo José o recitando.

escute, meu chapa: um poeta não se faz com versos. é o risco, é estar sempre a perigo sem medo, é inventar o perigo e estar sempre recriando dificuldades pelo menos maiores, é destruir a linguagem e explodir com ela. nada no bolso e nas mãos. sabendo: perigoso, divino, maravilhoso. poetar é simples, como dois e dois são quatro sei que a vida vale a pena etc. difícil é não correr com os versos debaixo do braço. difícil é não cortar o cabelo quando a barra pesa. difícil, pra quem não é poeta, é não trair a sua poesia, que, pensando bem, não é nada, se você está sempre pronto a temer tudo; menos o ridículo de declamar versinhos sorridentes. e sair por aí, ainda por cima sorridente mestre de cerimônias, "herdeiro" da poesia dos que levaram a coisa até o fim e continuam levando, graças a Deus. e fique sabendo: quem não se arrisca não pode berrar. citação: leve um homem e um boi ao matadouro. o que berrar mais na hora do perigo é o homem, nem que seja o boi. adeusão.

Arnaldo Antunes comanda programa na MTV

Arnaldo Antunes olhando pra cima
   Este esboçador não é fã da MTV. Nem simpatizante. Nem nada. Pensa que a MTV não difere das demais publicações da Abril (a MTV Brasil pertence ao Grupo Abril). Mas é um grande admirador do poeta Arnaldo Antunes (veja o quanto aqui).

   E a vida tem dessas. Arnaldo Antunes comandará um programa na MTV. A partir de 24 de março estará no ar o "Grêmio Recreativo". O programa irá ao ar em toda última quinta-feira do mês e Arnaldo receberá convidados sempre em uma balada diferente a cada programa.
   No primeiro programa, gravado ontem, 09/02, no Studio SP, o poeta recebeu Seu Jorge, Edgard Scandurra, Céu, Karina Buhr, Hyldon, entre outros músicos.
   Assim como a Globo surge, às vezes, com o Auto da Compadecida e Capitu, a MTV às vezes surge com Arnaldo Antunes. Pois bem, acho que vou assistir a MTV, então (a cada última quinta-feira do mês).



poema no. 120

ter
     dor
     por
ter

tor
     por
     por
vir

por
     que

(
ter
     dor

é

ser
     só
          )

Tropa de Elite 2

Eis o covil
   Este não é um esboço quente. Não no que se refere ao frescor da matéria, pelo menos.

   Tropa de Elite 2 já não é o assunto do momento. E, por isso mesmo, longe de paixões, arrebatamento e discussões acaloradas, este esboçador resolve escrever sobre ele hoje.
   Quando do lançamento do primeiro filme da série, fiquei um pouco confuso. Demorei a entender se o filme, de fato, era fascista, promovia a criminalização do pobre, ou denunciava tudo isso ironicamente (Tá vendo, é assim que é a polícia!). 
   Essa resposta veio com o segundo filme. Tropa de Elite. O filme não é fascita. Contudo está longe de pregar um Estado democrático.
   O grande problema de Tropa de Elite é eleger como heróis os policiais incorruptíveis do Bope. A eles, como a todos os heróis, é dado o direito de ferir direitos. É o Estado pisando em cima das cartas todas de leis, passando por cima do Judiciário e executando sumariamente. No novo filme, há uma personagem que denuncia essa questão -  o professor Diogo Fraga, inspirado no deputado estadual Marcelo Freixo (Psol-RJ).
   Contudo, no fim, a impressão que fica no imaginário, é essa: há heróis. É bom que eles matem os bandidos. E os bandidos estão todos dos morros.

Oportunismo nas HQ's (ou a morte à espera da ressurreição).

Sempre há quem prefira ser a ter
   Super-Homem, Batman, Homem-Aranha, Tocha Humana.

   Todos esse personagens de Histórias em Quadrinhos (doravante denominada simplesmente de HQ's) tem em comum o fato de terem morrido e terem (ou estar em vias de) ressuscitado.
   Até o advento da cultura de massa, não tínhamos muitos exemplos de ressurreições. Jesus, talvez,mas não mais que isso. Mas dos anos 90 pra cá, desde que Super-Homem, sabe-se lá como (até hoje não entendi) ressuscitou após ser abatido por um monstrão muito, muito forte (que também morreu e ressuscitou), isso vem virando moda.
   HQ's são amadas e odiadas. Há quem julgue que elas são mero entretenimento de massa e ponto final. Há quem veja nelas, literatura. Como em Machado de Assis, só que mais legal.
   A questão talvez seja que, como tudo em nossa sociedade de hoje, as HQ's são transformadas em mercadoria pura e simplesmente. E, como mercadoria, deve atender às demandas do mercado. Não estamos vendendo revista? Simples: Pegamos um ícone e o matamos, todos ficarão chocados e comprarão revistas! Solucionado o problema? Não. Ora, como vamos vender revista depois disso, se nosso ícone morreu? Simples: ressuscitamos ele! Mas não somos gênios?
   Não. apenas reproduzem estratégias de marketing das mais simplórias.
   Mas isso não ocorre com toda HQ. Há exemplos de boas, muito boas HQ's autorais que estão se lixando pra tudo isso e querem produzir boas estórias sem realizar pesquisas de mercado.
   Um exemplo é a revista Samba, feita por Lucas Gehre, Gabriel Góes e Gabriel Mesquita. Nela a sua opinião não importa. Nem a minha. Nada que eu escreva aqui, nem ninguém, alterará um balão sequer.

Funk Como Le Gusta no Bourbon Street

   A meu irmão, que disse ser brasileiro ao seu colega canadense em Vancouver, este exclamou: Ah, Funk como le gusta!

   Pois o Funk Como Le Gusta estará no Bourbon Street  (Alameda dos Chanés, 127 - Moema - São Paulo - SP) nos dias 10 (hoje), 17 e 24 deste mês. Os shows contarão com algumas músicas do próximo disco (o primeiro desde 2005) e com a participação de Thaide e Curumin.
   O novo disco do Funk Como Le Gusta sairá ainda no primeiro semestre de 2011 e será vendido tanto em mídia (CD) como em MP3 (para ser baixado). Serão 21 faixas no total.
   Depois dos shows no Bourbon Street, o FCLG estará em outras cidades paulistas, além do Rio de Janeiro e Sul do país. Mas ainda sem data definida.
   Abaixo, Manual do Funk Nacional.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Poema Fútil

Quando se tem um sorriso
Que denuncia os molares,

Qualquer verso
(mesmo que rime com
amor)
Torna-se fútil.

À sua altura,
Somente o sal da lágrima.

poema no. 119

cortem o fornecimento de parceiros
queimem todo o estoque
a partir de agora
é um por si
e todos por
mim

Mercedes Sosa terá toda a sua obra remasterizada

La Negra escrevendo.
   La Negra era genial. Nada menos que isso.

   Falecida em 2009, a cantora Mercedes Sosa, terá toda a sua obra remasterizada.

   Isso significa que 35 discos, lançados entre 1975 e 2005, serão reeditados.Alguns dos quais, nunca lançados em CD.
   Mercedes tinha um apreço pela canção folclórica e pela questão latinoamericana. Abaixo duas canções, interpretadas por ela: Cancion con Todos, de Cesar Isella e Duerme Negrito, de Atahualpa Yupanqui.

Baixe o novo single dos Strokes

Somente por 48 horas!
   Hoje, a partir das 17h35, o novo single dos Strokes, Under Cover of Darkness, estará disponível para ser baixado gratuitamente no site oficial da banda (veja aqui). O link funcionará por 48 horas.
   A canção faz parte do álbum Angles que estará nas lojas estadunidenses a partir de 22 de março.
   Abaixo, Last Nite, do primeiro disco da banda.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

"Zoom" fora do ar

Zunaute
   E não é que a TV Cultura tirou o "Zoom" do ar?

   Isso faz parte do processo de tranformação da TV Cultura em uma simples retranmissora de conteúdo.
   O programa esta no ar há 15 anos e era,ainda hoje,o principal exibidor de curtas-metragens na tevê aberta.
   Com isso, a TV Cultura mostra que realmente não tem interesse em se manter grande, como é (e é - neste país, uma tevê educativa ter 2, 3 pontos de audiência, mais que a MTV, em São Paulo, mais que a Gazeta e seus programas da tarde é ser grande, sim), mas apenas em se manter.
   Abaixo, o curta "Enfim nó dois" exibido pelo Zoom.

poema no. 118

a saída

à saída

porque quando meu pai disse que tinha nojo de tudo isso
o acusei de reacionário e pelego

e agora
quando podemos construir o futuro
quando acho que podemos
ser flecha e arco
(ingenuidade de canção infantil)
quando estamos a um passo de consolidar
algo tão belo
e tão

por que é que no fim das contas
estamos um com a mão no pescoço do outro

por que é que esperamos que o acaso interceda por nós
por que é que estamos esperando

não sou eu
nem niguém
mas é que hoje houve tanta burrice de ambos os lados

e ambos eram o mesmo

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

poema no. 117

é que na verdade
eu queria muito
mas muito mesmo
ser um pouco mais
que o ínfimo

e quem não quer
meu filho
quem não é

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

poema no. 114

saber de si
e de
mim

quase toda
a sapiência do mundo

Malu de Bicicleta estreia no Brasil

Vale cada centavo.
   Quem há de competir com Cisne Negro, nas estreias do fim de semana?

   Será Malu de Bicicleta. Um bom filme de Flávio Ramos Tambellini com roteiro de Marcelo Rubens Paiva.
   O filme é baseado no livro homônimo de Paiva e conta a história de Malu e Luiz, que se encontram por acidente no Rio de Janeiro.
   Leve e solto, o filme é simples (não simplista) e consegue o que quer - contar uma bela estória com simplicidade e objetivo.
   Abaixo o trailer de Malu de bicicleta e a relação de suas salas de exibição (dados do site http://www.maludebicicleta.com.br/).

 

Cisne Negro estreia no Brasil. Veja onde assistir.

Cartaz de Tropa de Eli... ops, Cisne Negro
   Este esboçador não assistiu a Cisne Negro. Mas a partir de hoje isso pode mudar.
   Estreia hoje o filme de que todos, mas todos mesmo, falam. Com a atriz vencedora do Oscar (só falta ir lá pegar) Natalie Portman (veja aqui o que já esboçamos sobre Natalie).
   Abaixo a lista de cinemas exibindo Cisne Negro em Santos e São Paulo e o trailer do filme.







SANTOS
Espaço Unibanco Miramar (Prefira este. É mais barato.)

Av. Marechal Floriano, 44 - Santos - SP, 11060-913
14:00 16:30 19:00 21:30

Cinemark Praia Mar Shopping
R. Alexandre Martins, 80 - Santos - SP, 11025-200
15:40 18:20 20:40

SÃO PAULO
Espaço Unibanco (SP)

R. Augusta, 1475 - São Paulo - SP, 01304-001
14:10 16:40 19:10 21:40

Unibanco Arteplex
R. Frei Caneca, 569 - São Paulo - SP, 01307-970
14:00 16:30 19:00 21:30

Reserva Cultural
Av. Paulista, 900 - São Paulo - SP, 01311-100
13:05 15:10 17:15 19:20 21:30

Cinemark Paulista
R Treze de maio, 1947 - São Paulo - SP, 01327-001
14:30 17:10 19:40 22:10

Cinemark Center Norte
Travessa Casalbuono, 127 - São Paulo - SP, 02047-050
12:50 15:30 18:00 20:30 23:00

Espaço Unibanco Pompéia
RUA TURIASSU, 2100 - São Paulo - SP
13:00 15:10 17:20 19:30 21:40

Cinemark Santa Cruz
R. Domingos de Moraes, 2564 - São Paulo - SP, 04036-100
13:15 15:50 18:30 21:10 23:40

Cinemark Shopping Iguatemi SP
Av Brigadeiro Faria Lima, 2232 - São Paulo - SP, 01489-900
14:00 16:30 19:00 21:30 00:00

Cinemark Eldorado
Av. Rebouças, 3970 - São Paulo - SP, 05402-918
14:40 17:10 19:40 22:10

UCI Santana
Rua Conselheiro Moreira de Barros, 2780 - São Paulo - SP, 02430-001
13:40 16:00 18:20 20:40 23:00

Kinoplex Vila Olímpia
Rua Olimpiadas, 360 - São Paulo - SP, 04551-000
14:00 16:20 18:40 21:00 23:20

Cinemark Central Plaza
Av. Dr. Francisco Mesquita, 1000 - São Paulo - SP, 03153-001
13:50 16:15 18:35 20:55

UCI Analia Franco
Av. Regente Feijó, 1759 - São Paulo - SP, 03342-000
13:40 16:00 18:20 20:40 23:00

Cinemark Villa Lobos
Av. das Nações Unidas, 4777 - São Paulo - SP, 05477-000
13:15 15:40 18:05 20:40 23:05

Cine TAM
Av. Roque Petroni Jr., 1089 - São Paulo - SP, 04707-900
14:00 16:30 19:00 21:30

Cinemark Market Place
Av. Dr.Chucri Zaidan, 920 - São Paulo - SP, 04583-110
13:10 15:40 18:10 20:40 23:10

UCI Jardim Sul
Av. Giovanni Gronchi, 5819 - São Paulo - SP, 05724-003
14:00 16:20 18:40 21:10 23:30

Cinemark Osasco
AV DOS AUTONOMISTAS, 1400 - Osasco - SP, 06020-010
14:30 17:10 19:40 22:10 00:30

Cinemark Aricanduva
Av. Aricanduva, 5555 - São Paulo - SP, 03527-000
15:05 17:35 20:00 22:25

Cinemark ABC Plaza
Av. Industrial, 600 - Santo André - SP, 09080-500
13:20 16:20 18:55 21:25 00:00

Cinemark Guarulhos
Rodovia Presidente Dutra - Guarulhos - SP
13:05 15:40 18:10 20:40 23:10

Cinemark Granja Viana
Rodovia Raposo Tavares, 23600 - Cotia - SP, 06709-015
13:30 16:00 18:30 21:00

Fim da censura ao @divulga_esboço

Mas não tem nada não. Vai tudo azul n'América do Sul.
   O Twitter, finalmente de manifestou sobre a CENSURA ao esboço de blog. Depois de muita especulação em torno do ocorrido, pois o site nao havia mandado os motivos da suspensão, eis que chega o motivo oficial: envio de repetidas mensagens com @ e #.
   Assim, o motivo é justamente aquele do qual este esboçador suspeitava: pequenos blogs não podem fazer o que grandes blogs e portais fazem - divulgar-se.
   Repito o que já disse: todos os links enviados remetiam aonde prometiam. Todas as mensagens com @ foram enviadas a usuários que estavam tuitando o tema em questão. Todas as mensagens com # foram enviadas a conversas do tema em questão. Não entendo qual a violação.
   Assim, fica claro que, como tudo neste mundo, apenas as grandes corporações tem acesso pleno aos meios de comunicação. O Twitter ainda precisa de muito para ser realmente #livre.
   Abaixo a resposta do Twitter à defesa enviada (veja aqui o texto enviado ao Twitter)

Olá,


Esta conta foi suspensa pelo envio de várias atualizações não relacionadas a um tópico usando o marcador # e de múltiplas mensagens não-solicitadas através da ferramenta @resposta e/ou menção. Tais ferramentas destinam-se a facilitar a comunicação entre os usuários no Twitter. O Twitter monitora o uso do marcador # e da @resposta/menção para garantir que eles sejam usados corretamente e não abusivamente. Enviar mensagens não-solicitadas para um grupo de usuários é considerado abuso e o uso indevido desta ferramenta resulta em suspensão da conta.

Para obter mais informações sobre a ferramenta de @Resposta e Menções, visite a nossa página de ajuda: http://support.twitter.com/articles/14023


A sua conta não se encontra mais suspensa. Por favor tenha em mente que pode demorar uma hora ou mais para que o seu número de seguidores retorne ao normal.


Violações repetidas poderão resultar na suspensão permanente da conta, em razão disso, por favor certifique-se de rever as Regras do Twitter Rules: http://twitter.com/rules
Atenciosamente,

Twitter Trust and Safety.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

poema no. 113

em salvador
em recife
em lisboa
em acapulco
o mar
é apenas uma suposição

o mar

só é
o mar
em frente à minha casa

(onde o sei
mesmo
adormecido)

Harry Potter e sua contribuição ao cinema

É este o grande trunfo de Harry Potter: inflar egos.
Este blog não é entusiasta de prêmios da indústria do cinema, como o Bafta e o Oscar (veja mais sobre o assunto aqui e aqui).

   E eis, que hoje, apenas para corroborar essa opinião, foi anunciado que J.K. Rowling, autora da série de livros Harry Potter, e David Heyman,  produtor da série de filmes homônima, receberão o Prêmio de Excepcional Contribuição ao Cinema Britânico do Bafta.
   Há poucas coisas que reflitam melhor a ligação entre a cultura de massa e a de elite que séries de livros. No Brasil, Monteiro Lobato já o fez repetindo os preconceitos da elite paulista do início do século em O Sítio do Picapau Amarelo. J.K. Rowling repete os truques da cultura de massa (e no cinema, Harry Potter não é senão isso) em seus livros, dizendo aquilo que seu público, a elite em nível mundial, espera ouvir. Com requinte e sofisticação, sim, mas no fundo é o mesmo método da cultura de massa (veja aqui e aqui essa discussão).
   E mais, traz, através da repetição dos personagens em diferentes enredos, a familiaridade com o ambiente mítico. Ou seja, não propõe nenhum tipo de temor. O público, assim, está a salvo de qualquer intempérie. A leitura é fácil e indolor.
   Isso nos leva a pensar sobre o prêmio em questão. Qual é a real contribuição de Harry Potter ao cinema Britânico? Porque seu produtor, e não seu diretor está recebendo este prêmio? Segundo os promotores do Bafta: "Os filmes de Harry Potter não apenas criaram estrelas diante das câmeras, mas também ressaltaram a capacidade da indústria artística e técnica britânica, abrindo uma série de empregos durante sua produção.".
   Este esboçador fica muito feliz que empregos tenham sido criados na Inglaterra (embora ache que fosse melhor que fossem empregos permanentes), mas para isso, um prêmio do Ministério do Trabalho (ou seu equivalente inglês), seria mais coerente.
   Quando falamos de cinema (arte em primeira análise), a criação de estrelas e empregos, a indústria,  deveriam ficar no segundo plano.
   O cinema britânico é realmente devedor a Harry Potter? Deve, o cinema britânico, à técnica de Harry Potter, aos efeitos visuais e à beleza estética (inegável) de Harry Potter?  O cinema britânico deve a David Lean, a Charles Chaplin (sim, ele fazia cinema para as massas, mas sem pesquisas de opinião. Cinema, para ele, não era massa de tomate).
   Não tenho nada contra Harry Potter e o cinema de entretenimento, mas há que ser dito que o Bafta é um prêmio da indústria. Premia produções, investidores, empregadores. Não a arte. Isso, para o Bafta (e seus análogos), está num nível abaixo.
   A Harry Potter, devem os investidores britânicos.

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