terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Rua dos cataventos - VI

Mário Quintana


Na minha rua há um menininho doente.
Enquanto os outros partem para a escola,
Junto à janela, sonhadoramente, 
Ele ouve o sapateiro bater sola.

Ouve também o carpinteiro, em frente, 
Que uma canção napolitana engrola.
E pouco a pouco, gradativamente,
O sofrimento que ele tem se evola. . .

Mas nesta rua há um operário triste:
Não canta nada na manhã sonora
E o menino nem sonha que ele existe.

Ele trabalha silenciosamente. . .
E está compondo este soneto agora,
Pra alminha boa do menino doente. . .

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