domingo, 26 de dezembro de 2010

Marilyn Satiko

Caminho para a escuridão que há em você.
Desejo morrer em você,
Em sua escura, morna, úmida intimidade.

Mais, desejo que meu corpo finde em você.
Que todos os tormentos me atormentem em você,
Que todas as dores me tomem em você.
Porque, em você, toda a cólera acontece
E toda a ardência surge – morna e úmida.

Desejo a morte embrenhado em você
Liso quente ardente colérico úmido e cego.

Em você, a vida não acontece.
Não posso estar vivo quando estou em você.
Em você existe qualquer coisa além da vida,
Além de todos os escritos, de todos os cânones.
Em você, deus não existe.
Nenhuma reza, nenhuma vela, nenhuma extrema unção me salvará de você,
Porque você não está no tempo-espaço e não está em nenhuma dimensão.

Em você eu não existo.
Morro ateu. E assim, ateu,
nado em lagos mornos e escuros em minha ausência.

Um comentário:

  1. Esse poema foi escrito a tanto tempo que nem sei se faz sentido ainda comentá-lo, mas sempre adorei ser a razão de seus poemas, de alguns, pelo menos e quando encontrei esse aqui, perdido, me veio a tona um turbilhão de sentimentos... De qualquer forma, não quero que "em mim você não exista", quero existir e ser feliz junto com você. Que possamos construir juntos o nosso tempo-espaço, sem anularmos um ao outro. Pois o amor que existe entre nós, talvez não seja o suficiente para nos manter juntos para sempre, mas com certeza é um sentimento que nos manterá unidos até o fim... Finalizar dizendo que te amo seria muito pouco pra expressar o que realmente sinto, além de ser clichê, então vou apenas dizer que estou aqui e sempre estarei aqui pra você. Fique bem.

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