sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Amar

     Vivemos numa sociedade em que o amor está diretamente ligado à ideia de monogamia. E duma monogamia vigiada. Todos os olhos voltam-se para a vida alheia em busca de desvios do padrão monogâmico.

     Nas telenovelas, todos os dilemas amorosos correm em torno "da outra", os maridos traídos não se abrem com colegas, pois terão para sempre o rótulo de corno. A monogamia se tornou um índice de bom-mocismo e a sociedade se vê na condição de juiz deste rótulo.

     A ponto de qualquer relação entre homens e mulheres não casados entre si ser um sinal claro de adultério. Mulheres e homens casados são intocáveis. Não me espantaria que em breve grupos conservadores pregassem o uso de burca aos cônjuges.

     Porém, ainda que homens e mulheres casados resolvam de pleno acordo (ou não) se envolver com outras pessoas - quando a vida particular do indivíduo passou a ser de interesse público?

     É urgente uma revolução não só proletária, mas proletariamente amorosa.



Poema no. 11
O amor é egoísta,
Sim – sim – sim, Tem que ser assim.
O amor, ele só cuida
Si – si – si, Só cuida de si.
(Tom Zé)


querer ser teu dono é como
te ter como um objeto vazio

presa e vazia ao pé da mesa
presa e solitária ao pé da cama
presa de meu ciúme voraz

ter seu sexo não é ter você
te ter gemendo sob mim
clamando por meu falo
misturando-se em meus fluidos
não é ter você

não posso te ter
ninguém pode

posso ter apenas a esperança de que me olhes
com uma ternura de alguém que um dia
me amará

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